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Outubro rosa, a prevenção do câncer de mama em primeiro plano

Foi instituído que cada mês é associado a algum tratamento ou atitude preventiva com relação a determinada doença, além de também conscientizar sobre outros assuntos relevantes.

E para fixar e difundir este propósito foi escolhida uma cor para cada campanha, iniciativa difundida por todo mundo.

Assim, janeiro é focado saúde mental (branco), fevereiro em lúpus, fibromialgia e mal de Alzheimer (roxo/laranja), março em prevenção ao câncer colorretal (azul), abril em segurança no trabalho (verde) e também em autismo (azul), maio em prevenção em acidentes de trânsito (amarelo) e hepatite (vermelho), junho em doação de sangue (vermelho) e em anemia e leucemia (laranja), julho em hepatites virais e câncer ósseo (amarelo), agosto em aleitamento materno (dourado), setembro em doação de órgãos e prevenção de câncer no intestino (verde), prevenção do suicídio (amarelo) e prevenção de doenças cardiovasculares (vermelho), outubro em câncer de mama (rosa), novembro em câncer de próstata e diabetes (azul) e na conscientização sobre o câncer infanto juvenil (dourada) e dezembro em prevenção da AIDS (vermelho e laranja).

Todas as campanhas têm seu mérito e pertinência, alertando a todos especialmente sobre a prevenção de algumas doenças e estimulando a troca de informações.

Os veículos de comunicação, especialmente a internet, trazem matérias e entrevistas sobre cada tema e assim se consegue difundir o assunto nas várias camadas da população.

O mês de outubro, focado em câncer de mama, tem uma relevância particular, pois as mulheres estão cada vez mais se conscientizando da importância do diagnóstico precoce, especialmente através do rastreamento mamográfico, com objetivo de detectar e tratar o câncer precocemente em pessoas saudáveis, proporcionando grande possibilidade de cura.

A mamografia é feita com raio X para identificar um eventual nódulo na mama antes que seja percebido. É um procedimento rápido, solicitado pelo médico, e não necessita de preparo especial. É recomendado que seja realizado todos os anos nas mulheres, a partir dos 40 anos, que não apresentarem risco de desenvolver um câncer de mama e antes dos 40 anos nas que for detectado um alto risco, 10 anos antes de ter aparecido em algum familiar mais jovem, com a ressalva de não ser feito antes de 25 anos.

Outra medida importante para prevenção do câncer de mama é o autoexame. Uma dica neste sentido é utilizar o ciclo menstrual para lembrar de fazê-lo ou escolher um dia fixo mental. Caso seja detectado algum nódulo no seio ou mesmo uma alteração no seu formato, deverá ser procurado imediatamente o médico para as providências necessárias.

Quanto mais eficiente for a difusão de todos os temas das campanhas mensais, melhor ficará a saúde das pessoas, já que a correria do cotidiano acaba colocando estes assuntos em segundo plano quando, de fato, deveriam ser priorizados por todos.

Certamente um mês é pouco para colocar cada um dos tópicos em evidência, pois deveriam estar permanentemente no foco da mídia, alertando especialmente sobre as consequências da falta de prevenção.

Voltando à campanha de outubro, o laço rosa é um símbolo internacional na batalha permanente contra o câncer de mama. Ela começou em Nova Iorque em 1990 durante um evento promovido pela instituição Susan G. Komen e que logo se difundiu pelos quatro cantos do planeta.

A primeira iniciativa neste sentido no Brasil foi em 2002, quando o obelisco localizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, para homenagear os heróis da Revolução de 32 ficou iluminado com a cor rosa durante todo o mês.

Que estas ações se fortaleçam cada vez mais em todas regiões do país, alertando a população de maneira participativa, num movimento que é cada vez necessário para termos uma qualidade de vida melhor em todos os sentidos.

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Dor nas mamas o que realmente é verdade e sua relação com diagnóstico de câncer de mama.

As mamas são regiões sensíveis do corpo e é normal ficarmos preocupadas com qualquer dor ou alteração que surja.

Dor mamária (mastalgia) é a queixa mais frequente das mulheres no consultório dos ginecologistas e também dos mastologistas (médico especializado nas doenças da mama). Estima-se que 70% das mulheres apresentam em algum momento da sua vida dor mamária. A mastalgia pode ser classificada de acordo com a sua intensidade em leve, moderada e severa que influencia na qualidade de vida, repercutindo negativamente em termos sexuais, sociais e, de um modo geral, nas atividades habituais da mulher.

Cerca de 11 a 15% dos casos de dor mamária se enquadram nos critérios de mastalgia severa. Felizmente, para a maioria das mulheres, a dor mamária é um pequeno desconforto, auto-limitado e não necessita de tratamento, apenas de orientação. A mastalgia também pode ser classificada como cíclica, quando ocorre e varia ao longo do ciclo menstrual, e não cíclica, quando não tem relação com o ciclo menstrual.

Fatores hormonais e emocionais se interagem, levando a dor mamária. Suas causas mais comuns são: alterações funcionais benignas da mama, ectasia ductal (dilatação dos ductos e estagnação da secreção nos mesmos), o abscesso sub-areolar recidivante, os cistos mamários bem como os nódulos benignos (mais comum o fibroadenoma)

Como causas extra-mamárias relativamente frequentes de mastalgia, temos as doenças reumáticas da coluna dorsal e nevralgia intercostal (dor entre as costelas). As dores musculares da parede torácica, dores de refluxo gastro-esofágico, dores de origem cardiológica (angina do peito).

A principal preocupação das mulheres em relação a mastalgia é sua relação com câncer de mama. Uma boa notícia é que a dor mamária não é um sintoma comum de câncer de mama, o que pode tranquilizar muitas pacientes. Independentemente da causa de suas dores, é quase improvável que se trate de um câncer. Diversos estudos publicados já mostraram que a relação entre câncer de mama e dor mamária é extremamente baixo, em torno de 0,90%.

É importante lembrar que a mastalgia não é doença e sim um sintoma ou de alterações funcionais da mama, ou dores refletidas na mama oriundas de outras patologias.

Quando vamos abordar mulheres com queixas de dores mamárias é importante avaliar se estão utilizando um sutiã adequado para o volume da mama, uma vez quer a sustentação da mama é importante em mamas volumosas. Além disso identificar a causa da dor e fundamental para abordagem do tratamento.

As dores nas mamas, sobretudo em mulheres que ainda menstruam, podem ocorrer na ovulação e menstruação. Isso é perfeitamente normal, está é a mastalgia cíclica.

Com relação ao câncer de mama, a dor ocorre somente em alguns casos, quando há disseminação tumoral para as costelas, processo inflamatório associado ou necrose do tumor.

Quanto ao tratamento da dor mamária, a primeira coisa a ser feita é tranquilizar a paciente quanto ao medo de câncer e mostras que é um sintoma muito comum e relacionado com os padrões de oscilação hormonal fisiológica relacionado ao ciclo.

No casos de mastalgia modera a severa existe necessidade de uso de medicações, as mais comuns são os analgésicos e anti-inflamatórios, nos casos de mastalgia incapacitante podemos ter que usar medicações que reduzam a atividade do tecido mamário como o tamoxifeno. É importante lembrar quer todos os estudos que comparam o uso de vitaminas com placebo foram semelhantes, dessa forma qualquer tratamento que utilize vitaminas não apresenta evidência científica de eficácia.

Nos casos de mastalgia recorrente ao associado a alterações do exame físico (auto exame ou exame físico realizado por um não especialista) a mulher deve sempre procurar um mastologista para avaliação.

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Mastologia

O Impacto da Pandemia de COVID-19 e a Mortalidade por Câncer de Mama

A pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2) está perturbando o mundo. Por ser um agente infeccioso desconhecido, ainda não há vacina para evitá-lo ou medicamentos comprovados para diminuir seus efeitos. Atualmente, a única medida eficaz para prevenir a infecção é o isolamento social. Alguns dados começam a mostrar que essa situação terá um impacto negativo no tratamento do câncer, e até poderá aumentar as mortes, devido a vários tipos de tumores.

Um estudo nessa direção vem do Reino Unido e está sendo finalizado para ser publicado no British Medical Journal (BMJ). Pesquisadores da University College London analisaram dados semanais de oito hospitais em tempo real e descobriram que os encaminhamentos de emergência para pacientes com câncer suspeitos foram reduzidos em 76% e os regimes de quimioterapia foram reduzidos em 60% em comparação com antes da disseminação do câncer.

Entre os pacientes com câncer, com maior risco de complicações por infecção por coronavírus são pacientes com câncer de pulmão, pacientes submetidos a transplante de medula óssea ou quimioterapia, pacientes idosos e pacientes com comorbidades.

Uma análise realizada na Inglaterra estimou que entre os pacientes com câncer recém diagnosticados, haverá pelo menos 6.270 mortes adicionais nos próximos 12 meses, representando um aumento de 20% nas mortes pela pandemia COVID-19. Uma pesquisa da University College London e do Data-Can mostra que, se você levar em consideração todas as pessoas que atualmente têm câncer, esse número poderá aumentar em aproximadamente 17.915 mortes.

Algumas das mortes em excesso ocorrerão em pacientes com câncer com COVID-19, enquanto outras ocorrerão devido a atrasos no diagnóstico ou tratamentos tardios, como cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. O Serviço Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra alertou que, após entrevistas com usuários com sintomas de câncer, quase metade deles temia procurar tratamento durante a pandemia e não deveria hesitar em realizar avaliações periódicas. A análise utiliza dados dos registros de saúde de 3,8 milhões de pacientes na Inglaterra e estima-se que aproximadamente 31.354 pacientes com câncer recém-diagnosticados morrerão antes da pandemia.

No Brasil, não é diferente: dada a escassez de recursos já existentes no SUS, pode-se até pensar que o impacto será pior. A Sociedade Brasileira de Oncologia Cirúrgica e a Sociedade Brasileira de Patologia relatam que 50.000 a 90.000 brasileiros podem não ser diagnosticados com câncer. Na maioria dos tumores, o diagnóstico precoce é essencial para reduzir a mortalidade e melhorar as chances de recuperação.

Para esclarecer, entre 11 de março e 11 de maio de 2020, a rede pública de São Paulo contabilizou 5.940 biópsias. No mesmo período de 2019, foram 22.680. Mesmo no ano passado, um centro de referência no estado do Ceará diminuiu o número de biópsias de 18.419 para 4.993 e Minas Gerais passou de 8.402 para 1.676.

A Sociedade Brasileira de Mama alertou que o número de pacientes que recebem tratamento para câncer de mama em hospitais públicos de todo o país diminuiu durante a pandemia. Segundo pesquisa realizada por hospitais, das principais capitais que prestam serviços via Sistema Único de Saúde (SUS), no período de março e abril, a cobertura de mulheres em tratamento caiu em média 75%, em comparação ao ano passado, no mesmo período. O INCA estima que haverá 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil a cada ano, durante o triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 novos casos por 100.000 mulheres.

A pandemia criou entre os pacientes e até mesmo entre os familiares um medo exacerbado, levando a faltas em consultas e atrasos em realizar exames de rotina e até mesmo em realizar tratamento médico adequado. O atraso no diagnóstico devido a preocupação com a contaminação, leva ao atraso no tratamento clínico e cirúrgico. Não podemos culpar apenas instituições públicas ou privadas por tomarem todas as medidas necessárias para cuidar de pacientes com COVID-19.

Uma pesquisa do Oncoguia em pacientes com câncer mostrou que 43% dos pacientes com câncer responderam que o atraso ou a interrupção do tratamento ou procedimentos foi decidido por clínicas e hospitais, por um lado devido a necessidade de priorizar o atendimento de pacientes infectados pelo COVID-19, incerteza sobre o risco de propagação do COVID-19; falta de profissionais de saúde ou outros fatores relacionados à pandemia. Entre os pacientes com câncer que receberam o questionário e usaram o Sistema Único de Saúde (SUS), seis em cada dez pacientes disseram que o tratamento era eficaz, em comparação com 33% dos pacientes em hospitais privados.

Existem muitos fatores que influenciam esses resultados: mudanças rápidas nas opções de diagnóstico e tratamento, medidas de distância social, mudanças no comportamento das pessoas que procuram tratamento e o impacto econômico da COVID-19, relacionado a mortes diretamente relacionadas à infecção por COVID-19.

O mais importante é explicar as mulheres com câncer de mama, que procure assistência médica, porque esta doença é mais mortal que o coronavírus. No Brasil, se a taxa de mortalidade do COVID-19 for de cerca de 5%, no câncer de mama, se puder ser diagnosticada com antecedência, você terá 95% de chance de ser curado. No diagnóstico precoce, sua taxa de mortalidade será semelhante à do COVID-19. Obviamente, isso não acontecerá imediatamente, mas nos próximos cinco ou dez anos.

Estamos em um momento muito delicado, um momento único no meio de uma pandemia e, obviamente, ninguém jamais viveu. Isso leva a uma série de sentimentos, sendo um dos quais é a falta de informações sobre o impacto da COVID-19 em outras doenças, como o câncer. O déficit no diagnóstico e no tratamento do câncer de mama já existia no Brasil antes do início da pandemia, e agora irá se agravar. Cabe aos médicos e aos políticos encontrarem soluções que minimizem de forma a não prejudicar ainda mais a população.

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Oncofertilidade: preservação de fertilidade em mulheres em tratamento oncológico

Preservação de fertilidade em mulheres em tratamento oncológico

A capacidade de começar uma família e ter filhos é uma questão chave na qualidade de vida. A infertilidade após tratamento do câncer tem um reconhecido impacto negativo nessa qualidade de sobrevivência.

A incidência do câncer continua a crescer mundialmente devido ao aumento da expectativa de vida da população e de hábitos de vida associados às malignidades como o tabagismo. Nas últimas duas décadas a sobrevida dos pacientes com câncer aumentou substancialmente. Dessa forma, houve um maior interesse na qualidade de vida dos sobreviventes, incluindo a possibilidade de preservação do futuro reprodutivo.

O principal objetivo do tratamento oncológico é a cura, que muitas vezes se baseia na cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No entanto, esses procedimentos podem resultar em um comprometimento total ou parcial da fertilidade. As taxas de infertilidade após um tratamento oncológico dependem de vários fatores.

Os efeitos da quimioterapia dependem da droga utilizada, método de administração, idade da paciente e tratamento prévio para infertilidade. Uma cirurgia mais conservadora que possa permitir a preservação do futuro reprodutivo pode ser uma opção em casos selecionados. Novas técnicas como a maturação in vitro de folículos e o transplante de tecido ovariano constituem perspectivas para essas mulheres.

Oncofertilidade

A oncofertilidade é uma área multidisciplinar da Medicina Reprodutiva. O tratamento consiste em preservar os gametas de pacientes oncológicos, homens e mulheres que foram diagnosticados com câncer.

O tratamento é indicado para cuidar da fertilidade de pacientes que queiram ter filhos biológicos no futuro, já que os tratamentos de quimioterapia e radioterapia podem comprometer a fertilidade.

Nem sempre os tratamentos contra o câncer irão causar a infertilidade afetando as funções reprodutoras. Os riscos de diminuição da fertilidade, de infertilidade temporária ou de infertilidade permanente devem ser discutidos com o médico oncologista que acompanha o paciente.

Caso realmente existam riscos, o paciente poderá optar por realizar um tratamento de oncofertilidade. A decisão deverá ser tomada em conjunto com o médico oncologista e o especialista em reprodução assistida.

A importância na vida de mulher

Diversas mulheres em idade fértil e que foram diagnosticadas com câncer, se preocupam com o que acontecerá com sua fertilidade ao passarem por algum tratamento oncológico. É necessário que a preservação de óvulos seja feito antes que o tratamento de câncer comece.

Atualmente existem opções disponíveis para preservar gametas do paciente em tratamento oncológico, além disso, algumas clínicas oferecem apoio emocional durante todo o processo para garantir que a qualidade de vida e o estado emocional da paciente melhore.

As opções para preservação da fertilidade feminina são

Preservação de Óvulos: a técnica, que também pode ser chamada de criopreservação de oócitos, consiste no congelamento dos óvulos. Para realização da técnica, a mulher que fará o tratamento será submetida, através de medicamentos, a uma estimulação ovariana. Após a estimulação, os folículos ovarianos serão aspirados por via vaginal. Todo o processo acontece sob efeito de anestesia. Após a coleta dos óvulos, estes são congelados em temperaturas que chegam a 196º C negativos.

Preservação de Embriões: Para a criopreservação dos embriões, o ovário é estimulado com hormônios, os óvulos são retirados e posteriormente fertilizados em laboratório, de forma idêntica a um ciclo de fertilização in vitro usual. Formam-se então os pré-embriões, que serão vitrificados em nitrogênio líquido a -196ºC, permanecendo assim por tempo indeterminado. É considerada uma boa técnica por ser eficaz e proporcionar taxas de gravidez que chegam a cerca de 60% em mulheres jovens, mas é restrita a pacientes que não necessitam de um tratamento oncológico imediato (pois esse processo leva de 2 a 6 semanas para ser concluído) e a casos de tumores que não são afetados por hormônios e, além disso, a mulher já deve estar com o parceiro com o qual pretende formar uma família. Outras preocupações são o fato de os embriões serem legalmente e eticamente considerados seres vivos e, por isso, só poderem ser descartados após cinco anos, com o consentimento do casal (Resolução CFM 2013/2013), e o fato de que, no caso de desinteresse por um dos membros do casal em manter os embriões congelados ou o desejo de não utilizá-los para futura gestação, eles não poderão ser exigidos pelo outro, o que pode levar, muitas vezes, a conflitos judiciais. A criopreservação de oócitos e tecido ovariano não tem esse compromisso, portanto, apesar de a criopreservação de embriões apresentar excelentes resultados, deve-se discutir com a paciente ou o casal as implicações legais e éticas envolvidas nesse outro método.

Supressão Ovariana com Medicamentos: em casos de pacientes oncológicos que optam pela preservação da fertilidade por meio de medicamentos, a técnica consiste em paralisar o funcionamento dos ovários da mulher durante o período que ela irá se submeter a quimioterapia. Os medicamentos que serão utilizados são da classe agonistas do GnRH, e vão ser ministrados por meio de injeções que podem acontecer em frequência mensal ou trimestral. A medicação tem por objetivo preservar os folículos e óvulos durante a quimioterapia. A necessidade de supressão dos ovários acontece porque o tratamento atinge células com alto nível de replicação celular, como os óvulos. As células que possuem essa característica serão atingidas, ou seja, tanto células cancerígenas como células saudáveis dos ovários.

Preservação de Tecido Ovariano: A técnica deve ocorrer antes que o tratamento de quimioterapia seja iniciado. Nela, fragmentos do tecido ovariano serão coletados e criopreservados para um futuro transplante ou para maturação de folículos em laboratório. O processo se dá por meio de uma videolaparoscopia ou da própria cirurgia para o tratamento do câncer.

Dessas técnicas as duas mais utilizadas são a congelação de óvulos associada a supressão ovariana com análogos do GnRH, dessas forma ainda temos a chance da mulher tentar gestações espontâneas após o término do tratamento oncológico. A preservação de embriões é por muitos autores considera a melhor, mas apresenta algumas limitações e questões éticas, como a necessidade de um parceiro e dessa forma o embrião é do casal, em casos de divórcio ocorre um impasse.

A preocupação com o futuro reprodutivo de pacientes que serão submetidos a tratamentos oncológicos, como rádio e quimioterapia, merece cada vez mais atenção quando se pensa na abordagem do paciente com câncer. A qualidade de vida a longo prazo deve ser sempre considerada, pois as taxas e o tempo de sobrevida destes pacientes aumentam cada vez mais, evidenciando as repercussões tardias, relegadas, na maioria das vezes, a segundo plano no momento do diagnóstico da doença de base.

A Sociedade Americana de Oncologia Clínica atualizou suas diretrizes de preservação da fertilidade em pacientes com câncer em recentemente e continua a reconhecer como técnica padrão a criopreservação de espermatozoides, ovócitos e embriões para homens e mulheres interessados em preservar a fertilidade. Além disso, considera a supressão da atividade ovariana com GnRH durante a quimioterapia uma opção quando os métodos padrões não estiverem disponíveis, mas defendeu que a técnica não deve ser usada como o único método de preservação da fertilidade visto que há evidências conflitantes.

É compreensível que o foco principal deva ser a terapia oncológica, mas é importante considerar a possibilidade de oferecer uma opção preventiva à infertilidade futura, para que a paciente tenha a liberdade de escolher depois de conhecer os riscos e as opções. Ressalta-se ainda que esses tratamentos direcionados à preservação da fertilidade em pacientes com câncer não podem garantir a gravidez no futuro, mas conferem a possibilidade de o paciente ao menos tentar.

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Ginecologia

Climatério e a Menopausa e a Reposição Hormonal na Saúde da Mulher: mitos e verdade

Confundir climatério com menopausa é algo que acontece constantemente, já que ambas as situações se referem a um momento de vida da mulher, porém, cada uma representa um período distinto. O climatério é o período da vida biológica da mulher que marca a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. É o conjunto de sintomas que surgem antes da menopausa, quando ocorrem oscilações hormonais e variação no ciclo menstrual, até a fase de pós-menopausa. É comum a irregularidade menstrual nessa fase, geralmente com ciclos mais longos em intervalos, assim como sintomas da depleção hormonal, típicos da menopausa, que podem já surgir nesta fase. Chama-se de menopausa o período da vida da mulher após uma ano de ausência de menstruação, é uma data na vida da mulher semelhante a data da primeira menstruação que se chama menarca.

Quais são os sintomas da menopausa?

Entre os sintomas, estão a alteração do ciclo menstrual, alteração do humor – como irritação e depressão, diminuição do desejo sexual, dor de cabeça e tontura. Podem aparecer também alterações locais no aparelho genital feminino, como, por exemplo, ressecamento da mucosa vaginal, podendo em alguns casos, levar a desconforto ou dor na relação sexual. Outros sintomas podem aparecer com o climatério, mas levam mais tempo para se manifestarem, como osteoporose e doenças cardiovasculares.

A falta dos hormônios produzidos pelos ovários acarreta, em menor ou maior grau de sintomatologia, alterações nas esferas neurogênica, com fogachos e ondas de calor, calafrios, sudorese, taquicardia, cefaleia e tonturas; psíquica, como ansiedade, intensificação de depressão e irritabilidade; sexual, como diminuição da libido, ressecamento vaginal e diminuição de lubrificação, sangramentos por ressecamento intenso e dor durante as relações; sistêmica, como osteoporose, piora do perfil de colesterol, placas de ateroma e maior risco cardiovascular; urogenital e sexual, como prurido na vulva, urgência miccional, incontinência urinária aos esforços, dor ao urinar e aumento do risco de infecções urinárias; e cutânea, como alteração de pele com afinamento, dermatites e alteração na pilificação.

O que é terapia hormonal?

A terapia de reposição hormonal (TRH) ou terapia hormonal (TH) consiste na administração de hormônios femininos às mulheres no climatério ou na menopausa como o objetivo de melhoras dos sintomas mais comuns que acompanham a menopausa e que atrapalham a qualidade de vida as mulher.

Com a chegada do climatério, o corpo da mulher passa a produzir bem menos hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona. As alterações típicas dessa fase são resultado desse declínio hormonal. Nem todas as mulheres precisam se preocupar em os repor, mas aquelas que têm sintomas moderados a intensos podem se beneficiar da terapia hormonal.

Existem muitas formas de fazer a reposição hormonal. Alguns métodos combinam os hormônios estrogênio e progesterona, enquanto outros usam somente estrogênio. A reposição pode ser feita de diferentes maneiras, incluindo comprimido, gel, adesivos aplicados à pele e implantes subcutâneos.

Os hormônios usados, a dosagem, a forma de administração e o tempo de uso serão determinados pelo médico após avaliação criteriosa e levando em conta suas necessidades individuais. Você deverá ser reavaliada periodicamente para ajuste da dose. Por conta dos riscos associados, o tratamento deve ser feito pelo menor tempo e dose possível.

Tema que ainda divide opiniões e enfrenta certa resistência entre as mulheres, a reposição hormonal durante a menopausa pode melhorar uma série de sintomas desagradáveis que surgem nessa fase da vida.

Quais são os principais benefícios da terapia de reposição hormonal?

No alívio dos sintomas da menopausa a terapia hormonal é efetiva em reduzir a frequência e a intensidade do fogacho, as ondas de calor que surgem entre 60% a 80% das mulheres no período da menopausa. Este sintoma pode prejudicar a qualidade de vida e a rotina diária. O tratamento também melhora outros incômodos comuns dessa fase, incluindo suores noturnos.

Melhora da vida sexual: a terapia hormonal ajuda a melhorar a libido, isto é, o desejo sexual, além de possibilitar uma melhora na satisfação sexual da mulher através do alivio de sintomas desagradáveis, como ressecamento vaginal e dor durante o sexo. Esses sintomas atingem cerca de 45% das mulheres na menopausa.

Prevenção da osteoporose: a terapia hormonal previne a perda óssea e reduz as chances de fraturas por osteoporose na pós-menopausa. Ela pode ser indicada para a prevenção deste problema para mulheres com menos de 60 anos. Para saber se a terapia hormonal é uma opção de tratamento adequada para você, converse com seu médico.

A terapia endócrina pode ser realizada por praticamente todas as mulheres, exceto as mulheres que tiveram câncer de mama ou endométrio, as que tem história de trombose ou tendência a trombose. O tabagismo é uma contraindicação relativa uma vez quer aumenta o risco de trombose.

A reposição hormonal e o câncer de mama

A terapia de reposição hormonal aumenta o risco de câncer de mama, alguns estudos mostraram que não são todos os tipos reposição hormonal que promovem esse aumento. A reposição hormonal com progesterona sintética que mostrou um aumento significante nos casos de câncer de mama. A utilização de estrogênios associados a progesterona natural não tem mostrado esse aumento. Mulheres com risco pessoal de câncer de mama, isto é, aqueles que realizaram biópsias com lesões que aumentam o risco ou tem uma história familiar importante não devem realizar reposição hormonal.

Quais são os efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais comuns da reposição hormonal são dor nas mamas (mastalgia), enjoo e cefaleia, ou seja, aproximadamente os mesmos de uma pílula anticoncepcional. Efeitos colaterais comuns da terapia hormonal combinada (associação de estrogênio em baixas doses + progesterona) são de intensidade leve e normalmente cessam após um período de adaptação. Sangramentos, chamados de “sangramentos de escape”, e náuseas podem ser contornados com aconselhamento médico e medicações sintomáticas.

Com relação ao aumento de peso, devemos lembrar que a mulher na menopausa apresenta maior tendência a aumento da massa gordurosa e probabilidade de aumentar de peso com ou sem uso de hormônios. A reposição hormonal realizada de forma adequada não aumenta essa tendência, podendo ate facilitar a manutenção do peso.

Existem alternativas para as mulheres que não podem ou não querem fazer o tratamento hormonal?

Podemos tratar individualmente cada um dos sintomas, como por exemplo. As ondas de calor podem ser tratadas com remédios para neuropatia diabética e antidepressivos, existem hidratantes vaginais para melhorar o ressecamento, medicações para segurar a perda óssea e medicamentos dermatológicos para queda de cabelo. São vários medicamentos que podem ser substituídos apenas por um, por isso, sempre que a pessoa pode, recomendamos o tratamento hormonal.

Pesquisas indicam que um estilo de vida saudável, com exercícios físicos regulares e alimentação balanceada, podem reduzir os sintomas do climatério, já que o período também é influenciado pelos níveis de estresse no organismo. Evitar o tabagismo também trará muitos benefícios, já que além de causar diversas doenças, o hábito pode antecipar a menopausa em um ou dois anos. O consumo de alimentos ricos em cálcio ajuda a reduzir os casos de osteoporose.

A terapia de reposição hormonal deve ser indicada individualmente, nos casos sintomáticos, logo nos primeiros anos do inicio dos sintomas, seja no climatério ou na menopausa, devidamente acompanhada pelo ginecologista.

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Mastologia

Falta de informação ainda prejudica o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer de mama no Brasil

A falta de informação e o medo da doença ainda prejudicam muito o diagnóstico precoce do câncer de mama, atrasando o tratamento e consequentemente piorando o prognóstico das pacientes, uma vez que, quando menor o tamanho do tumor, maiores serão as chances de cura e mais fácil será o tratamento.

Câncer de Mama no Brasil e no Mundo


Segundo a última pesquisa realizada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) sobre a incidência do câncer no mundo, o câncer de mama é um dos três tipos de maior incidência, junto com o de pulmão e o color retal, e é o que mais acomete as mulheres em 154 países dos 185 analisados.

Em 2019, eram esperados aproximadamente 2,3 milhões de novos diagnósticos de câncer de mama, contribuindo com cerca de 13% do total de casos de câncer no mundo. Este tipo de câncer, é o quinto em questão de mortalidade no mundo, sendo estimadas mais de 680 mil mortes em 2019 o que representa 7% do total de mortes por todos os tipos da doença. A pesquisa também aponta que uma a cada quatro mulheres que têm um caso de câncer diagnosticado têm câncer de mama, representando 25% do total.

No Brasil, é o primeiro tipo mais comum de câncer entre as mulheres. Só nos próximos três anos, o Instituto Nacional de Câncer estima que devem surgir 66 mil novos casos. Estima-se que em 2018 tivemos 18.000 óbitos pela doença nas mulheres, o que representa 30% dos óbitos por câncer entre as mulheres.

A incidência da doença aumenta em mulheres a partir dos 40 anos. Abaixo dessa faixa etária, a ocorrência da doença é menor, bem como sua mortalidade, tendo ocorrido menos de 10 óbitos a cada 100 mil mulheres. Já a partir dos 60 anos o risco é 10 vezes maior.

A palavra câncer ainda é subjetivamente associada ao risco de morrer, mesmo com os progressos realizados pela medicina. O medo de receber um diagnóstico indesejado, afasta a paciente da prevenção e do tratamento. Assim, poucos casos são diagnosticados na fase inicial, o que não colabora para a redução da mortalidade. Então, quanto mais informações tiverem sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, mais chances terão de uma sobrevida elevada.

Seis em cada dez mulheres que dependem do serviço público têm dificuldade para marcar exames. Porém não é apenas por dificuldade de agendar exames, mas o medo de receber uma notícia ruim muitas vezes impede que mulheres realizem a mamografia, exame fundamental para diagnosticar o câncer de mama. Algumas chegam até a realizá-la, mas deixam de pegar o resultado. Atitudes como essas prejudicam o diagnóstico e o tratamento.

A prevenção primária do câncer de mama envolve uma serie de fatores e medidas que as mulheres devem iniciar desde a infância e durar por toda a vida adulta. Como principais medidas temos a prevenção da obesidade, em especial na pós-menopausa, na qual existem vários estudo que mostram um aumento do risco a obesidade nessa fase da vida. A atividade física regular mostra uma redução do risco de desenvolvimento além de evitar consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.

O rastreamento é uma estratégia de prevenção secundária do câncer de mama, utiliza-se a mamografia como forma de detecção precoce, já que é capaz de detectar o câncer de mama numa fase pré-clínica assintomática (não palpável) permitindo assim mudar a história natural da doença. O diagnóstico precoce e a instituição do tratamento em fases iniciais pode diminuir a mortalidade em até 30% reduzindo também o número de amputações (mastectomias), as sequelas (redução do linfedema por diminuição das linfadenectomias radicais axilares) e a radicalidade do tratamento (diminuição das quimioterapias).

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e nas mulheres de alto risco 10 anos antes do parente mais jovem, mas não antes dos 30 anos. O Ministério da Saúde recomenda mamografia de rastreamento até de dois em dois anos a partir dos 50 anos e anual a partir dos 35 anos para mulheres de alto risco. Entretanto, a mamografia diagnóstica, aquela que é solicitada para elucidação de alterações palpáveis, deve ser realizada em qualquer idade sempre que necessário.

É importante lembrar que não existe nenhum exame que substitua a mamografia na detecção precoce do câncer de mama, o ultrassom e a ressonância magnéticas são exames complementares ao diagnóstico. O auto-exame, infelizmente, de forma isolada não demonstrou nenhuma capacidade em reduzir a mortalidade do câncer de mama. Como forma de autoconhecimento e empoderamento deve ser encorajado, a melhor pessoa para conhecer seu corpo é a própria mulher e dessa forma através do auto-exame realizado com frequência as mulheres podem detectar alterações nas mamas e procurar assistência médica o mais rápido possível e consequentemente realizar exames para o diagnóstico precoce.

A mulher é que deve cuidar e zelar de sua saúde e assim das suas mamas. Para tal, deve procurar profissionais capacitados e habilitados a ajudá-la nesse sentido. Certamente, o Mastologista e o Ginecologista tem papel fundamental na prevenção e no combate do câncer de mama. O Mastologista é o especialista em mama, que cuida de todas as doenças que envolvem as mamas, desde os problemas relacionadas a amamentação, as doenças benignas (cistos, nódulos, infecções) e as neoplasias (câncer).

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Mitos sobre o câncer de mama

Atualmente o que mais existe são informações não verdadeiras, as tais fakes news, que circulam pela internet, mídias sociais ou aplicativos de mensagens.

É importante sempre checar se uma informação é verdadeira, se não é um mito ou falsa. Selecionei alguns mitos e verdades a respeito do câncer de mama que valem a pena serem compartilhados:

Câncer de mama só aparece em quem tem histórico familiar.

Mito A maioria das mulheres acometidas pelo câncer de mama não têm familiares com a doença. As estimativas mostram que aproximadamente 10 % dos casos têm origem hereditária.

A história familiar, porém, influencia quando o parentesco é de primeiro grau, ou seja, se a mãe, a irmã ou a filha foram diagnosticadas. E ainda mais quando o tumor apareceu antes dos 40 anos. Nessas situações, a mulher deve redobrar a atenção e procurar o médico para a orientação da conduta adequada, inclusive com a realização de rastreamento genético.

Câncer de mama é uma doença única.

Mito O câncer de mama é uma doença heterogênea e com comportamentos distintos, isto é, podem apresentar um comportamento e cada paciente de forma diferente, tanto na evolução como nas respostas ao tratamento.

O câncer de mama pode ser causado por um trauma (batida) nos seios.

Mito A batida não é capaz de desencadear o tumor. Não é por causa de um trauma que as células malignas vão se multiplicar de maneira desenfreada. Entretanto, os machucados e hematomas ajudam despertar a atenção da mulher para essa região do seu corpo.

Desodorante pode causar câncer de mama.

Mito Não existe qualquer relação com uso de desodorantes ou qualquer creme depilatório na axila que favoreça o desenvolvimento do câncer de mama.

Se eu fizer o autoexame todos os meses não preciso fazer a mamografia.

Mito Embora seja um aliado para despertar a consciência corporal, o autoexame, na grande maioria das vezes, não é capaz de flagrar o início de um tumor, na fase em que as lesões são muito pequenas. A palpação detecta caroços maiores. Então, por mais que seja desconfortável, a mamografia é fundamental para o diagnóstico precoce. Toda mulher, após os 40 anos, deve fazer a mamografia. A principal função do autoexame é estabelecer uma relação de autoconhecimento da mulher com seu corpo, assim quando a mulher notar algo diferente deverá procurar assistência médica.

Alterações psicológicas, depressão, óbitos na família, divórcios ou outras situações de stress intenso podem levar ao câncer de mama.

Mito Nenhum tipo de câncer surge a partir de sentimentos negativos. Por mais profunda que seja sua mágoa, tristeza ou depressão, essas emoções não têm a capacidade de se transformar em tumores.

Anticoncepcionais que interrompem a menstruação são eficazes na prevenção do câncer de mama.

Mito Não existem estudos que mostraram que o uso de contraceptivo hormonal sem pausa ajude a prevenir o câncer de mama. Os estudos que existem correlacionam o uso de contraceptivo de uma forma geral, revelando um aumento mínimo desse risco. Porém, os benefícios do uso na vida da mulher não justificam esse aumento de risco.

Próteses de silicone podem causar câncer.

Mito O uso de próteses de silicone não tem demonstrado um aumento de risco de câncer de mama. Dependendo do tamanho da prótese e a relação com o tamanho da mama, pode ser mais difícil o diagnóstico de tumores em alguns lugares da mama. Atualmente existem relatos de linfoma de anaplásico de grandes células relacionada aos implantes de silicone.

Minha mãe teve câncer de mama, dessa forma eu também vou ter.

Mito O câncer de mama hereditário corresponde a menos de 10 a 15% dos casos. Ou seja, a maior parte dos casos de câncer de mama são esporádicos, isto é, qualquer mulher corre risco de ter câncer de mama. No entanto, mulheres que apresentam histórico familiar de câncer de mama ou ovário, terão maior risco, devendo ser acompanhadas pelo mastologista e aconselhadas quanto a necessidade de realizar testes genéticos para identificar a possibilidade de câncer de mama hereditário.

Posso substituir a mamografia por outro exame como a ultrassonografia e ressonância magnética.

Mito A ultrassonografia e a ressonância magnética das mamas são exames complementares, indicados mais comumente para mulheres jovens, que têm os seios naturalmente mais densos, no caso da ultrassonografia. A ressonância magnética é utilizada nos casos em que a mamografia e ultrassom são inconclusivos e para pacientes de alto risco para câncer de mama. É importante lembrar que a mamografia é o melhor método de rastreamento de câncer de mama.

Mulheres que tem implantes de silicone não podem fazer mamografia.

Mito Os implantes mamários não impedem a realização de nenhum exame e para rastreamento de câncer de mama a mamografia é o melhor exame. Já para avaliação da integridade da prótese, para identificar roturas, a ressonância e o melhor exame.

As mulheres grávidas ou que estão amamentando não podem fazer mamografia.

Mito A mamografia pode ser realizada nesses dois períodos sempre que houver necessidade, pois a irradiação é indolente ao feto ou recém-nascido. Nos casos de gestantes devemos usar uma proteção abdominal.

O uso de sutiãs incorretos pode favorecer o aparecimento de câncer.

Mito Nenhum estudo demonstrou até o momento que os sutiãs com armações de arame ou qualquer outro tipo, estariam relacionados ao surgimento da neoplasia. Os boatos da internet relacionam que esses sutiãs restringiriam a circulação sanguínea e linfática, porém, não existe sentido nessa possibilidade.

Carregar objetos no sutiã como celular, dinheiro, cigarro pode causar câncer.

Mito Muitas mulheres utilizam o sutiã como uma espécie de bolso secreto, levando dinheiro, cartões e, é claro, o celular. Por conta disso, começaram a surgir afirmações de que a radiofrequência dos aparelhos poderia comprometer os tecidos mamários. Até hoje, isso não foi comprovado cientificamente.

Todo câncer de mama pode ser sentido através de um nódulo.

Mito Muitas mulheres pensam que o autoexame é o suficiente para detectar a neoplasia, já que “é impossível não sentir um caroço nos seios”. Acontece que nem sempre o nódulo aparece, sendo necessários os exames de mamografia periódicos. Mesmo assim, o autoexame é importantíssimo e não deve ser deixado de lado! Também existem diversos mitos em relação aos nódulos, como, por exemplo, de que apenas os mais firmes e difíceis de movimentar representam cânceres. Isso também é errado: toda alteração deve ser investigada por um profissional.

Apenas mulheres mais velhas desenvolvem o câncer de mama.

Mito O câncer de mama pode acometer mulheres em qualquer faixa etária, a incidência ocorre mais em mulheres acima dos 55 anos. Já a incidência de câncer de mama em mulheres jovens varia de 4 a 15%, conforme a região do país e do mundo.

O câncer de mama é um castigo.

Mito Existem várias causas para o aparecimento do câncer de mama, são os denominados fatores de risco, como, por exemplo, o tabagismo, o consumo exagerado de álcool, maus hábitos alimentares e sedentarismo, que são em soma os principais responsáveis pelos casos de câncer.

O câncer de mama é contagioso?

Mito O câncer de mama ou qualquer outro câncer não pode ser transmitido por contato, pelo ar, ou por secreções. O aparecimento do câncer acontece por mutações genéticas que demoram muitos anos para se manifestar.

A frequência sexual interfere na ocorrência de câncer de mama.

Mito Especialistas afirmam que não há relação alguma entre a frequência sexual e o surgimento do câncer. É importante mencionar que a atividade sexual não ajuda a proteger as mamas contra o câncer. O que protege contra doenças mamárias é a gravidez, a lactação e hábitos de vida saudáveis.

A radiação emitida pela mamografia realizada anualmente é muito arriscada.

Mito A mamografia utiliza raios X para formar a imagem da mama e é utilizada para o rastreamento do câncer nesta região. A imagem é obtida com o uso de um feixe de raios X de baixa energia, após a mama ser comprimida entre duas placas. É muito importante mencionar que o risco associado à exposição a radiação é mínimo, principalmente quando comparado com o benefício que pode ser obtido.

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Mastologia

Verdades sobre o câncer de mama

Amamentar protege contra o câncer de mama.

Verdade. A amamentação é um fator de proteção do câncer de mama, em especial quando ocorre antes dos 30 anos. Isso acontece porque o desenvolvimento mamário completo somente se dará após o período de amamentação, quando haverá a mudança dos lóbulos do tipo I para o tipo III

Câncer de mama pode ter cura.

Verdade. Aqui muitos fatores devem ser considerados. Um dos mais importantes é o diagnóstico precoce. Quanto menor a lesão identificada, maior a chance de cura. Entretanto, há que se ressaltar as diferenças entre os tipos de tumor. Também é fundamental destacar que, mesmo para os casos sem cura, as opções terapêuticas, com medicamentos e tecnologias modernas, permitem o controle da doença e resultam em melhor qualidade de vida.

Algumas mulheres da minha família tiveram câncer de mama. Por isso, corro mais riscos.

Verdade. A história familiar de câncer de mama, principalmente em parentes de primeiro grau, mãe, irmã ou filha, aumenta o risco em até 80%. Além disso, se algum parente de primeiro grau tiver câncer de ovário também teremos aumento de risco para câncer de mama, devido às mutações dos genes BRCA1 e BRCA 2 que aumentam o risco de câncer de mama e ovário.

Fazer mamografia anualmente é necessário para detectar tumores.

Verdade. A mamografia é a principal forma de diagnóstico precoce da doença. Quem tem histórico familiar deve fazer o exame a partir dos 30 anos. As demais, após os 40. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura.

Mulheres obesas ficam mais suscetíveis à doença.

Verdade. A obesidade é um fator de risco para o câncer de mama, devido ao fato de que na gordura temos conversão periférica de colesterol em estrogênio aumentando as concentrações desse hormônio e, dessa forma, a incidência de câncer de mama.

A terapia de reposição hormonal pode ser um fator de risco.

Verdade A terapia de reposição hormonal costuma ser usada em mulheres no climatério, através da reposição de estrogênio e progesterona, o que aumenta o risco de cancer de mama.

Quem menstrua muito cedo ou é mãe depois dos 30 anos tem maior risco de desenvolver a doença do que mulheres que menstruam mais tarde ou são mães mais jovens.

Verdade O risco aumenta porque essas mulheres menstruam mais vezes ao longo da vida, ficando excessivamente expostas ao estrogênio. O estrogênio estimula as células mamárias, aumentado a proliferação celular. Portanto, quanto mais menstruações, maior é o risco.

Praticar uma atividade física ajuda na prevenção.

Verdade Estudos mostram que a prática regular de atividade física ajuda na prevenção de diversas doenças, entre elas o câncer de mama. O ideal são atividades físicas aeróbicas, como corrida, natação. O mais importante é a redução da obesidade.

Mulheres que tem mais filhos têm menor risco de câncer de mama.

Verdade Durante a gestação, há uma redução da concentração de estrogênio devido à interrupção da menstruação e, como sabemos que a exposição maior ao estrogênio aumenta o risco, as mulheres que têm maior número de filhos têm menor risco de desenvolver a doença.

Homens podem ter câncer de mama.

Verdade. Apesar de raros (entre 0,5 a 1% dos casos de câncer de mama corresponde ao sexo masculino), nos últimos 25 anos, a medicina notou um aumento de quase 26% nas incidências do câncer de mama em homens.

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Ginecologia

Rastreamento Câncer do Colo do Útero

A prevenção do câncer de colo uterino inclui a detecção precoce e a vacinação contra o HPV. Tanto a incidência como a mortalidade por câncer do colo do útero foram reduzidas significativamente em países desenvolvidos com programas organizados de rastreamento de base populacional com o exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou). Sua incidência nos países em desenvolvimento é cerca de 5 vezes maior do que em países mais ricos. Cerca de metade das pacientes com esta neoplasia relatam nunca terem feito Papanicolaou e a proporção daquelas que não fizeram regularmente é relevante.

O INCA estima para 2020-2022 que o número de casos novos de câncer do colo do útero esperados para cada ano do triênio, será de 16.710. Com um risco estimado de 16,35 casos a cada 100 mil mulheres. Ele ainda é o câncer de maior incidência na região norte, segundo no nordeste e centro-oeste, quarto no sul e quinto no sudeste. Infelizmente o número de mortes ainda é extremamente alto, foram 6.385 brasileiras que perderam a vida por esse câncer que tem prevenção e diagnóstico precoce conhecido.

As recomendações de rastreamento mundial têm mudado significativamente na última década, devido às evidências de regressão de resultados citológicos anormais na grande maioria dos casos. Recomenda-se início aos 21 anos de idade na maioria dos países, com citologia oncótica cérvico-vaginal, continuando a cada 3 anos, ou com co-teste (citologia associado ao teste de DNA-HPV por captura híbrida) a cada 5 anos, esta estratégia aplicada a mulheres com mais de 30 anos. Exames com frequência anual não são mais recomendados devido às altas taxas de resultados falso-positivos, à falta de impacto na prevenção do câncer cervical e custos excessivos desnecessários em saúde pública.
No Brasil, o rastreamento com citologia oncótica é recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos e que já iniciaram atividade sexual. Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regredirão espontaneamente na maioria dos casos. Após os 65 anos, por outro lado, se a mulher tiver feito os exames preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer cervical é reduzido dada a sua lenta evolução. A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolaou a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. Na prática assistencial, a anamnese adequada para reconhecimento dos fatores de risco envolvidos é fundamental para a indicação do exame de rastreamento.

A prevenção secundária, atualmente baseia-se nos resultados de citologia e/ou pesquisa do DNA- HPV. A citologia oncótica tem baixa sensibilidade e o rastreamento com teste de DNA-HPV tem baixa especificidade, o que pode levar ao não diagnóstico de câncer ou, por outro lado, ao excesso de tratamento. Muitos sistemas de saúde consideram a troca do exame citológico por pesquisa de DNA- HPV para o rastreio primário, com base em estudos randomizados que demonstraram maiores níveis de eficácia deste último, aumentando a sensibilidade e permitindo intervalos de coleta mais longos. A pesquisa de DNA- HPV de alto risco detecta mais de 90% das neoplasias intraepiteliais de alto grau; assim é considerada ferramenta atrativa de rastreio primário principalmente em países com infraestutura estabelecida, em mulheres com mais de 30 anos, aplicada a intervalos de 5 anos.
Em caso de rastreio com pesquisa de DNA-HPV, a comunicação adequada com as pacientes torna-se prioridade ainda maior, para orientação correta sobre o significado dos testes positivos, o que pode representar muitas vezes uma barreira à sua implementação. Desta forma, as políticas de saúde devem levar em conta modelos matemáticos, em diálogo multidisciplinar, para definir as estimativas de risco de câncer para cada estratégia utilizada, bem como definir o que seria um risco aceitável.
Para reduzir as falhas de infraestrutura para implementação do rastreamento, a pesquisa de DNA-HPV, incluindo a auto-coleta, e a inspeção visual com ácido acético (IVA) tem sido propostos como alternativas. A auto-coleta para teste de HPV parece ser custo-efetiva quando aumenta a cobertura de rastreio, especialmente em países com dificuldade de implementação do método tradicional. A IVA ou inspeção visual com lugol são métodos simples e de baixo-custo que permitem detecção de anormalidades com exame especular sem a utilização de lentes de aumento, por profissionais treinados.
Há estratégias complementares possíveis para melhorar os desfechos, como a pesquisa dos biomarcadores p16/Ki-67, em casos de citologia positiva e/ou teste de DNA-HPV positivo, reduzindo as taxas de exames falso-positivos e aumentando as referências adequadas para colposcopia. Recentemente, o valor preditivo da carga viral de HPV como medida de persistência viral também tem sido investigado. Estudos têm mostrado que uma baixa carga viral, ou a redução de mais de 100 vezes do seu valor inicial ao longo do tempo são associados a maior taxa de regressão da infecção.

A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) ajuda a proteger contra a infecção pelas cepas de HPV que têm mais probabilidade de causar câncer do colo útero
A vacina contra o HPV contém somente certas partes do vírus. A vacina não contém nenhum vírus vivo e, dessa forma, não pode causar infecção por HPV.
Há três vacinas para HPV:* ?Nove-valente: protege contra nove tipos de HPV* ?Quadrivalente: protege contra quatro tipos de HPV* ?Bivalente: protege contra dois tipos de HPVTodas as vacinas contra o HPV protegem contra os dois tipos de HPV (tipos 16 e 18) que causam cerca de 70% dos cânceres de colo de útero. A vacina nove-valente e a quadrivalente protegem contra os dois tipos de HPV (tipos 6 e 11) que causam mais de 90% das verrugas genitais, além de proteger contra os tipos 16 e 18. Apenas a vacina nove-valente e a vacina quadrivalente são recomendadas para meninos e homens.Apenas a vacina nove-valente está atualmente disponível nos Estados Unidos.

Apesar da alta eficácia das vacinas contra o HPV, a aplicabilidade do rastreio para câncer de colo ainda será importante por décadas. A compreensão adequada do impacto da infecção por HPV na carcinogênese cervical e das novas abordagens de rastreio é necessária para informar corretamente às pacientes sobre a segurança de aumentar os intervalos de exame após testes negativos. Além disso, a infraestrutura adequada para garantir adesão ao rastreio, independentemente do teste utilizado, permanece como prioridade.

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Obesidade e câncer de mama: um real fator de aumento de risco e piora do prognóstico

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2021, estima-se 66.700 novos casos, e uma mortalidade de aproximadamente 18.500 mulheres.

São vários fatores que aumentam o risco da doença. A idade é uma das mais importantes causas: cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos. Obesidade, sobrepeso após a menopausa, sedentarismo, consumo de bebida alcóolica, casos de câncer na família são outros fatores que merecem atenção.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. Um dado chama a atenção: de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 53% da população brasileira está acima do peso. Outro fator preocupante é que, até 2025, o Brasil terá 29 mil casos de câncer relacionados à obesidade, segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A obesidade contribui para maior prevalência do câncer de mama, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O crescimento de pessoas com sobrepeso tem sido gradual com o passar das décadas.

A obesidade de maneira geral é uma grande preocupação, pois quando o indivíduo está com excesso de peso ele pode desenvolver inúmeras doenças, desde cardiopatias até o câncer. O tecido adiposo não acumula apenas adipócitos, mas outros subtipos celulares capazes de transformar o corpo em um microambiente favorável ao aparecimento do câncer. Nas mulheres pós-menopausa, esse tecido gorduroso é capaz de produzir estrógenos numa fase de vida em que deveria ter redução da carga desse hormônio, favorecendo tumores como os de mama e o de endométrio.

Vários estudos demonstraram que a obesidade abdominal (maior concentração de gordura no abdômen), leva a um maior risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer, dentre eles, o câncer de mama. Tal fato ocorreria por diversos fatores, mas principalmente pelo excesso dos níveis de insulina. Este depósito de gordura faz com que o hormônio fica mais resistente e, dessa forma, há uma necessidade de aumento dos seus níveis. Dessa forma, aumenta o risco de câncer de mama.

Um dos principais hormônios produzidos pelo tecido gorduroso é o estrógeno, hormônio intimamente ligado a alguns tipos de câncer de mama. Durante a vida fértil, o hormônio tem sua produção equilibrada e é feita pelos ovários. Já na menopausa, há uma queda nos níveis do estrógeno, que param de ser produzidos nos órgãos sexuais femininos.

Porém, quando a mulher está acima do peso, neste período, o tecido adiposo se encarrega de produzir o estrógeno, que em excesso, pode provocar a multiplicação celular do tecido mamário, causando o câncer. Estima-se que as mulheres obesas têm 20% de chances a mais de desenvolver o câncer de mama no período logo após a menopausa quando comparadas com as que se encontram dentro da faixa normal de peso.

Vários estudos foram feitos. Um deles, realizado com 350 mil mulheres, mostrou que a probabilidade de desenvolver o câncer de mama aumenta nas mulheres com o índice de massa corpórea (IMC) maior. Outro estudo, realizado na Dinamarca, considerado o maior do mundo, acompanhou 18.967 pacientes de câncer de mama e constatou que mulheres na menopausa, com IMC maior que 30, apresentaram tumores maiores, mais agressivos e com comprometimento mais extenso dos linfonodos da axila.

Além disso, o risco de metástases em órgãos distantes teve relação direta com o ganho de peso: 10 anos após a cirurgia, mulheres acima do peso apresentaram mortalidade 46% maior quando comparadas às mulheres com peso normal.

Nas mulheres obesas temos inúmeras alterações no organismo e estas podem, por sua vez, afetar o prognóstico do câncer de mama. Há um aumento dos níveis de estrogênio circulante. Dentro dos adipócitos existe uma enzima denominada aromatase, que é responsável pela conversão de androstenediona em estrogênio, logo, mulheres obesas em menopausa têm uma sobrecarga de estrógeno em tecidos sensíveis a esse hormônio, como o é o tecido mamário e uterino, em uma fase de vida em que eles deviam ter seu nível diminuído, e isto se relaciona ao risco aumentado em 1,5 de câncer de mama e 3,5 de câncer de endométrio nestas mulheres.

A obesidade se mantém como fator desfavorável também durante o tratamento e como determinante do prognóstico dos pacientes que sobreviveram ao câncer. O tratamento da paciente obesa se torna mais complicado do que o da paciente com peso ideal, uma vez que os regimes quimioterápicos têm suas doses calculadas com base no peso e altura da paciente, e na obesa as doses mais altas incorrem em toxicidade maior, principalmente medular, por vezes atrasando ciclos e por vezes demandando ajuste para doses menores de quimioterápicos. A obesidade traz diversos malefícios para a saúde. Os pacientes que sobreviveram a um câncer devem se preocupar com a balança, porque um peso elevado após o tratamento é proporcional a uma maior chance de recidiva do tumor.

Dessa forma temos que uma das formas de prevenir o câncer de mama é através da prevenção da obesidade que esta diretamente relacionada ao sedentarismo. O tratamento da obesidade deve se iniciar na infância. O hábito alimentar se desenvolve nas primeiras fases de vida do ser humano, e fica mais difícil modificá-lo na vida adulta. A mudança de padrão de vida conduz ao segundo plano a busca em consumo de alimentação balanceada e mais saudável, favorecendo alimentos muito processados, com sobrecarga de alguns elementos em detrimento de outros. A modernidade nos trouxe benefícios, com facilidade de execução de tarefas, que outrora demandavam maior esforço físico e gasto de energia, e isso vem favorecendo o sedentarismo, outro aliado dentre os fatores que vêm conduzindo a humanidade à obesidade e consequentemente às suas várias doenças correlacionadas