A falta de informação e o medo da doença ainda prejudicam muito o diagnóstico precoce do câncer de mama, atrasando o tratamento e consequentemente piorando o prognóstico das pacientes, uma vez que, quando menor o tamanho do tumor, maiores serão as chances de cura e mais fácil será o tratamento.
Câncer de Mama no Brasil e no Mundo
Segundo a última pesquisa realizada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) sobre a incidência do câncer no mundo, o câncer de mama é um dos três tipos de maior incidência, junto com o de pulmão e o color retal, e é o que mais acomete as mulheres em 154 países dos 185 analisados.
Em 2019, eram esperados aproximadamente 2,3 milhões de novos diagnósticos de câncer de mama, contribuindo com cerca de 13% do total de casos de câncer no mundo. Este tipo de câncer, é o quinto em questão de mortalidade no mundo, sendo estimadas mais de 680 mil mortes em 2019 o que representa 7% do total de mortes por todos os tipos da doença. A pesquisa também aponta que uma a cada quatro mulheres que têm um caso de câncer diagnosticado têm câncer de mama, representando 25% do total.
No Brasil, é o primeiro tipo mais comum de câncer entre as mulheres. Só nos próximos três anos, o Instituto Nacional de Câncer estima que devem surgir 66 mil novos casos. Estima-se que em 2018 tivemos 18.000 óbitos pela doença nas mulheres, o que representa 30% dos óbitos por câncer entre as mulheres.
A incidência da doença aumenta em mulheres a partir dos 40 anos. Abaixo dessa faixa etária, a ocorrência da doença é menor, bem como sua mortalidade, tendo ocorrido menos de 10 óbitos a cada 100 mil mulheres. Já a partir dos 60 anos o risco é 10 vezes maior.
A palavra câncer ainda é subjetivamente associada ao risco de morrer, mesmo com os progressos realizados pela medicina. O medo de receber um diagnóstico indesejado, afasta a paciente da prevenção e do tratamento. Assim, poucos casos são diagnosticados na fase inicial, o que não colabora para a redução da mortalidade. Então, quanto mais informações tiverem sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, mais chances terão de uma sobrevida elevada.
Seis em cada dez mulheres que dependem do serviço público têm dificuldade para marcar exames. Porém não é apenas por dificuldade de agendar exames, mas o medo de receber uma notícia ruim muitas vezes impede que mulheres realizem a mamografia, exame fundamental para diagnosticar o câncer de mama. Algumas chegam até a realizá-la, mas deixam de pegar o resultado. Atitudes como essas prejudicam o diagnóstico e o tratamento.
A prevenção primária do câncer de mama envolve uma serie de fatores e medidas que as mulheres devem iniciar desde a infância e durar por toda a vida adulta. Como principais medidas temos a prevenção da obesidade, em especial na pós-menopausa, na qual existem vários estudo que mostram um aumento do risco a obesidade nessa fase da vida. A atividade física regular mostra uma redução do risco de desenvolvimento além de evitar consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.
O rastreamento é uma estratégia de prevenção secundária do câncer de mama, utiliza-se a mamografia como forma de detecção precoce, já que é capaz de detectar o câncer de mama numa fase pré-clínica assintomática (não palpável) permitindo assim mudar a história natural da doença. O diagnóstico precoce e a instituição do tratamento em fases iniciais pode diminuir a mortalidade em até 30% reduzindo também o número de amputações (mastectomias), as sequelas (redução do linfedema por diminuição das linfadenectomias radicais axilares) e a radicalidade do tratamento (diminuição das quimioterapias).
A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e nas mulheres de alto risco 10 anos antes do parente mais jovem, mas não antes dos 30 anos. O Ministério da Saúde recomenda mamografia de rastreamento até de dois em dois anos a partir dos 50 anos e anual a partir dos 35 anos para mulheres de alto risco. Entretanto, a mamografia diagnóstica, aquela que é solicitada para elucidação de alterações palpáveis, deve ser realizada em qualquer idade sempre que necessário.
É importante lembrar que não existe nenhum exame que substitua a mamografia na detecção precoce do câncer de mama, o ultrassom e a ressonância magnéticas são exames complementares ao diagnóstico. O auto-exame, infelizmente, de forma isolada não demonstrou nenhuma capacidade em reduzir a mortalidade do câncer de mama. Como forma de autoconhecimento e empoderamento deve ser encorajado, a melhor pessoa para conhecer seu corpo é a própria mulher e dessa forma através do auto-exame realizado com frequência as mulheres podem detectar alterações nas mamas e procurar assistência médica o mais rápido possível e consequentemente realizar exames para o diagnóstico precoce.
A mulher é que deve cuidar e zelar de sua saúde e assim das suas mamas. Para tal, deve procurar profissionais capacitados e habilitados a ajudá-la nesse sentido. Certamente, o Mastologista e o Ginecologista tem papel fundamental na prevenção e no combate do câncer de mama. O Mastologista é o especialista em mama, que cuida de todas as doenças que envolvem as mamas, desde os problemas relacionadas a amamentação, as doenças benignas (cistos, nódulos, infecções) e as neoplasias (câncer).