Utilizado para prevenir a gestação e parte essencial do planejamento familiar, a contracepção pode ser dividida em temporária e permanente e de longa ou curta duração. Existem vários métodos contraceptivos, sendo que nenhum deles tem garantia 100%, mas chegam bem perto disto. A eficácia de cada um depende, essencialmente, da disciplina individual em relação ao uso e as boas práticas de cada método, devendo a pessoa seguir todas as recomendações e orientações do medicamento e/ou especialista.
Além do grau de eficácia, cada método contraceptivo tem as suas vantagens e desvantagens que devem ser avaliadas pelo paciente na hora de decidir qual a contracepção ideal para seu organismo e a sua rotina. Essa decisão é tomada em conjunto com o ginecologista ou urologista, pois está relacionada, também, a saúde do paciente.
A seguir, listamos os métodos mais comuns e suas principais características, mas, é essencial frisar que nenhum desses métodos protege contra as doenças sexualmente transmissíveis! Nesses casos, apenas a camisinha, masculina ou feminina, podem prevenir as DST.
3.1 Oral
Utilizado pelas mulheres, os contraceptivos orais simulam os hormônios ovarianos, o que permite com eles inibam a ovulação. Além disso, eles também afetam a mucosa do útero e causam espessamento do muco cervical, tornando-o impermeável aos espermatozoides.
Eles podem ser utilizados em qualquer fase da vida reprodutiva da mulher e são uma forma bem eficaz de contracepção. As pílulas anticoncepcionais podem ser compostas pela combinação de estrogênio e progesterona, ou com a presença apenas da progesterona, sendo a escolha determinada de acordo com o histórico e o organismo de cada mulher.
O contraceptivo oral de combinação é contraindicado para mulheres com o hábito intenso de fumo, com câncer de mama atual ou anterior, problemas no fígado como cirrose e adenoma, tromboembolia venosa, lúpus, hipertensão, doenças cardíacas, diabetes, entre outros quadros. Por isso, antes de iniciar o uso de qualquer anticoncepcional oral, é necessário consultar o ginecologista. As taxas de eficácia com hormônios combinados ou apenas a progesterona são praticamente as mesmas, quando utilizado de forma correta e disciplinada.
As desvantagens da contracepção oral são pequenas e provocam poucos efeitos adversos, sendo eles: possibilidade de sangramento intermenstrual, retenção de líquido, aumento reversível da pressão arterial, edema e sensibilidade mamária, ganho de peso, irritabilidade e aparecimento de espinhas. Existe, também, o risco baixo de desenvolvimento de trombose venosa profunda e tromboembolismo. No geral é um método seguro e prático, mas que exige disciplina quanto a ingestão, tendo que ser realizada diariamente no mesmo horário.
3.2. Injetável
Com fórmula que combina a progesterona com possível associação de estrogênio, o contraceptivo injetável pode ter duração de 1 ou 4 meses e deve ser aplicado na região glútea. As injeções mensais possuem a mesma característica que a contracepção oral, ou seja, suas vantagens e desvantagens são equivalentes. Já as injeções trimestrais, apesar da vantagem de serem aplicadas com espaçamento maior de tempo, podem inibir a menstruação no início do tratamento, elas são recomendadas para mulheres que não podem receber estrogênio, visto que esse formato é composto apenas de progesterona. O tempo para retorno da fertilidade é de, aproximadamente, 9 meses após a última aplicação.
O anticoncepcional injetável inibe a ovulação, reduz a espessura endometrial e aumenta a espessura do muco cervical, evitando a entrada de espermatozoide e cirando um ambiente hostil a fecundação. As desvantagens e efeitos colaterais desse método também são semelhantes aos da pílula, ou seja, podem provocar: dor de cabeça, acne, alterações do humor, redução da densidade mineral óssea, vertigens e aumento de peso. Já as vantagens ficam por conta do alívio das cólicas menstruais, melhora da anemia e redução dos sintomas provocados pela endometriose.
3.3. Adesivos
Composto pela combinação de estrogênio e progesterona, seu funcionamento se assemelha ao da pílula e a injeção anticoncepcional, porém, nesse caso, os hormônios são absorvidos gradualmente pela pele no intervalo de 7 dias. No período menstrual, a mulher deve utilizar 3 adesivos, um por semana, e deixar uma semana sem, sendo o tratamento iniciado no primeiro dia da menstruação, tal qual os demais métodos que seguem esse modelo de funcionamento.
O adesivo contraceptivo pode ser colocado em qualquer área do corpo, como braços, costas, parte inferior da barriga ou no glúteo, sendo recomendado evitar a região das mamas, pois pode provocar dor. Ele age no organismo por meio da inibição da ovulação e do aumento da espessura do muco cervical, evitando, assim, que os espermatozoides cheguem ao útero. Esse é um método eficaz, mas, para isso, deve ser utilizado com rigor de acordo com as orientações.
Além dos efeitos adversos já conhecidos dos outros tratamentos, como sangramento vaginal fora de período, retenção de líquidos, aumento da pressão arterial, manchas escuras na pele, enjoo, vômito, dor nos seios, cólicas, dor abdominal, nervosismo, depressão, tontura, queda de cabelo e aumento das infecções vaginais, o adesivo também pode causa irritação na pele e corre o risco de ser visto pelas outras pessoas, o que pode gerar constrangimento.
3.4 Anel Vaginal
Feito de silicone flexível e com formato de anel, esse método contraceptivo tem cerca de 5 centímetros de diâmetro e é inserido mensalmente na vagina. Sua função é impedir a ovulação, o que faz por meio da liberação gradual de hormônios no organismo. Ele é composto de progesterona e estrogênio, que são liberados por 3 semanas, e, após esse período, a mulher deve retirar o anel e ficar 1 semana sem, para, no novo ciclo menstrual, iniciar o processo novamente.
O anel vaginal, também conhecido como Nuvaring, é encontrado em farmácias e só deve ser utilizado por a recomendação do ginecologista. Seu tratamento começa no 5º dia da menstruação, quando deve colocá-lo e deixar por 21 dias, após isso é necessário retirá-lo e aguardar o tempo de uma semana.
Esse é um método eficaz, tanto quanto a pílula anticoncepcional, só que com doses inferiores de hormônios, e garante o retorno da fertilidade imediatamente após a suspensão do tratamento. O anel vaginal não interfere na relação sexual, sendo que a maioria das adotantes desse método não sentem qualquer interferência ou desconforto durante o ato.
O anel vaginal não é indicado para mulheres que apresentam doenças no fígado, câncer de mama, risco de trombose, suspeita de gravidez, fumantes, hipertensão, cefaleias com alterações neurológicas, diabetes ou com alergia a um dos componentes. Esse método também não pode ser utilizado durante o período de amamentação.
Essa é uma contracepção conveniente, pois é aplicada apenas uma vez no mês pela própria mulher. Seus efeitos adversos incluem aumento do peso, náuseas, dor de cabeça ou acne, tal qual outros métodos a base de hormônios e, é importante se atentar, pois eles podem sair/cair do corpo, tendo assim, seu efeito interrompido.
3.5. Mirena / Kaylenna
O DIU, dispositivo intrauterino hormonal, é um contraceptivo reversível de longa duração introduzido na cavidade uterina da mulher, liberando diariamente determinada quantidade de progesterona no organismo. Eles são altamente eficaz, especialmente porque não depende da disciplina diária da mulher para o uso correto, como tomar a pílula todo dia ou trocar o adesivo em determinado dia e horário, por exemplo.
Tanto o DIU Mirena quanto novo Kaylenna possuem o mesmo objetivo: provocar uma ação inflamatória local (útero), que afina o endométrio e torna o muco cervical mais espesso, o que dificuldade a entrada do espermatozoide na região e promove um ambiente desfavorável para a fecundação. Além disso, como uma consequência positiva, o DIU hormonal reduz a intensidade e a frequência do fluxo menstrual, podendo, inclusive, resultar numa amenorreia (ausência de menstruação).
A diferença entre o Mirena e o Kaylenna é a dose de hormônios diária liberada no organismo, sendo o da segunda opção menor. Menores quantidades de hormônio significam atenuação de possíveis efeitos colaterais provocados pelo tratamento, como dor de cabeça, irritabilidade, náuseas e retenção de líquido, por exemplo. Por outro lado, mulheres que precisam de um controle menstrual maior podem preferir uma dose maior de hormônios.
O DIU hormonal precisa ser inserido por um ginecologista devidamente habilitado, a duração desse método é de, no máximo, 5 anos, mas podem ser retirados a qualquer momento de acordo com a necessidade ou vontade da paciente. Após a inserção do DIU, cólicas locais podem acontecer e, é possível, que o corpo o expulse, por isso é importante ficar atenta aos primeiros sinais e realizar acompanhamento periódico com o ginecologista.
3.6. Implanon
Conhecido como implante ou chip anticoncepcional, ele é um bastonete de silicone com tamanho equivalente a um palito de fósforo colocado abaixo da pele, na parte superior interna do braço. Seu tratamento consiste na liberação diária de pequenas doses de progesterona no organismo, a fim de inibir a ovulação, dificultar a entrada de espermatozoides no útero e criar um ambiente desfavorável a fertilização.
O implanon, nome comercial do implante, deve ser aplicado por um profissional habilitado mas, primeiramente, faz-se necessário realizar alguns exames para verificar se a mulher está apta a recebê-lo. A inserção se dá com o uso de anestesia local e é utilizada uma agulha específica para esse procedimento. O ideal é que ele seja inserido dentro dos 7 primeiros dias do ciclo menstrual.
A duração máxima do implante contraceptivo é de 3 anos, ou seja, ele é de longa duração, mas a retirada pode ser feita a qualquer momento por um ginecologista especializado. Ele é um método eficaz, especialmente para mulheres que não conseguem seguir de forma disciplinada com os métodos contraceptivos de curta duração.
É especialmente indicado para mulheres que tem alguma contraindicação a anticoncepcionais com estrogênio e para as que sofrem com TPM. Além disso, a OMS também recomenda esse método para adolescentes e mulheres que estão em fase de amamentação, já que não prejudica a produção de leite.
Os efeitos colaterais são cefaleia, dores abdominais e nos seios e, no primeiro ano, pode causar alteração nos padrões de sangramento menstrual e amenorreia. O implanon não é recomendado para mulheres que tenham distúrbio tromboembólico venoso ativo ou histórico de doenças hepáticas.
3.7. DIU. cobre e prata
Livre de hormônios, o DIU de cobre ou prata não apresenta um material tóxico e nem causa reações alérgicas, sua ação se dá por meio da inflamação do tecido que reveste o útero, o endométrio, provocando, assim, alterações bioquímicas e morfológicas que inibem a fecundação pelo espermatozoide. Ele é o método ideal para mulheres que, por alguma razão, não podem realizar tratamentos com hormônios sintéticos.
O DIU de cobre possui o formato em T e pode permanecer no organismo por até 10 anos, e, como efeito adverso, pode aumentar o fluxo menstrual. Já o DIU de prata, que leva cobre em sua composição, possui o formato em Y e busca atenuar esse efeito adverso, diminuindo o fluxo menstrual em comparação com o DIU de cobre, porém, sua duração máxima é de 5 anos.
Todas as mulheres em fase reprodutiva são eletivas para colocar o DIU de cobre ou de prata, exceto em casos específicos como infecções uterinas importantes, malformação uterina, por exemplo. O DIU precisa ser inserido por um ginecologista habilitado e é um procedimento simples e rápido, podendo ser introduzido no próprio consultório. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de anestesia e, caso a mulher apresente cólica intensa ou qualquer obstrução do caminho do DIU, ela deve ser encaminhada para o centro cirúrgico. É recomendado que, no dia de inserção do DIU, a mulher faça repouso e evite carregar peso e ter relações sexuais.
Esse método se apresenta como vantajoso por não ter interferência hormonal, ou seja, além do aumento do fluxo menstrual, não apresenta efeitos como ganho de peso, dor de cabeça, náuseas e irritabilidade, além de não contribuir para o aumento do risco de trombose.
O DIU pode ser removido a qualquer momento, sendo um método contraceptivo de longa duração e reversível. A mulher volta a fertilidade imediatamente após a remoção do dispositivo.
3.8. Laqueadura
Também conhecida como lagadura tubária, consiste em cortar, amarrar ou colocar um anel nas trompas de Falópio, interrompendo assim a comunicação entre o ovário e o útero, o que impede a fecundação. Esse é um procedimento não reversível, dependendo do tipo de laqueadura realizada, pode tentar reverter com cirurgia, mas as chances de êxito são pequenas. Por isso, é muito importante conversar bastante com o ginecologista sobre a adoção desse método e qual o tipo a ser realizado.
A laqueadura é um procedimento cirúrgico simples, com duração de 40 a 60 minutos e deve ser realizado por um ginecologista habilitado. Sua contracepção acontece por impedir que o espermatozoide entre em contato com o óvulo, evitando, assim, a fecundação.
Como esse encontro é realizado nas trompas, na cirurgia de laqueadura o médico realiza um corte na região e depois amarra as suas extremidades, ou simplesmente coloca um anel. Essa cirurgia pode ser feita por meio de um corte na região abdominal, mais invasiva, ou por laparoscopia, em que são feitos pequenos furos na região abdominal que permitem o acesso às tubas, sendo menos invasivo. Esse procedimento pode ser realizado após a cesariana, aproveitando o corte realizado na região, também.
A laqueadura é um dos métodos contraceptivos mais eficazes, e, apesar de cirúrgico, após a recuperação não deixa qualquer efeito colateral no organismo da mulher, e nem interfere na amamentação – diferente das contracepções a base de hormônio.
3.9. Vasectomia
Intervenção cirúrgica simples, a vasectomia é recomendada para homens que não querem mais ter filhos e pode ser realizada no consultório do urologista, com duração estimada de 20 minutos. Esse procedimento é realizado por meio de uma pequena incisão, no escroto, nos canais deferentes que conduzem os espermatozoides dos testículos até o pênis, impedindo, assim, a sua liberação durante a ejaculação.
Em alguns casos, a vasectomia pode ser revertida através da ligação dos canais deferentes, mas as chances de êxito variam de acordo com o tempo que passou desde a cirurgia. Isso acontece pois, com o passar do tempo, o corpo deixa de produzir os espermatozoides e passa a produzir anticorpos que os eliminam. Por isso, a vasectomia é classificada como um método contraceptivo de longa duração e permanente, indicada para homens que tenham certeza que não desejam mais descendentes.
A vasectomia não produz um efeito imediato, levando cerca de 3 a 6 meses para garantir a sua contracepção, a depender do volume de ejaculações no período, por isso é importante realizar o acompanhamento com o urologista. Após a cirurgia, a região pode ficar sensível e apresentar dor ao andar ou sentar por alguns dias, devido a inflamação, mas logo esses sintomas desaparecem. A vasectomia não interfere no prazer sexual e as chances de levar a impotência são mínimas.