Confundir climatério com menopausa é algo que acontece constantemente, já que ambas as situações se referem a um momento de vida da mulher, porém, cada uma representa um período distinto. O climatério é o período da vida biológica da mulher que marca a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. É o conjunto de sintomas que surgem antes da menopausa, quando ocorrem oscilações hormonais e variação no ciclo menstrual, até a fase de pós-menopausa. É comum a irregularidade menstrual nessa fase, geralmente com ciclos mais longos em intervalos, assim como sintomas da depleção hormonal, típicos da menopausa, que podem já surgir nesta fase. Chama-se de menopausa o período da vida da mulher após uma ano de ausência de menstruação, é uma data na vida da mulher semelhante a data da primeira menstruação que se chama menarca.
Quais são os sintomas da menopausa?
Entre os sintomas, estão a alteração do ciclo menstrual, alteração do humor – como irritação e depressão, diminuição do desejo sexual, dor de cabeça e tontura. Podem aparecer também alterações locais no aparelho genital feminino, como, por exemplo, ressecamento da mucosa vaginal, podendo em alguns casos, levar a desconforto ou dor na relação sexual. Outros sintomas podem aparecer com o climatério, mas levam mais tempo para se manifestarem, como osteoporose e doenças cardiovasculares.
A falta dos hormônios produzidos pelos ovários acarreta, em menor ou maior grau de sintomatologia, alterações nas esferas neurogênica, com fogachos e ondas de calor, calafrios, sudorese, taquicardia, cefaleia e tonturas; psíquica, como ansiedade, intensificação de depressão e irritabilidade; sexual, como diminuição da libido, ressecamento vaginal e diminuição de lubrificação, sangramentos por ressecamento intenso e dor durante as relações; sistêmica, como osteoporose, piora do perfil de colesterol, placas de ateroma e maior risco cardiovascular; urogenital e sexual, como prurido na vulva, urgência miccional, incontinência urinária aos esforços, dor ao urinar e aumento do risco de infecções urinárias; e cutânea, como alteração de pele com afinamento, dermatites e alteração na pilificação.
O que é terapia hormonal?
A terapia de reposição hormonal (TRH) ou terapia hormonal (TH) consiste na administração de hormônios femininos às mulheres no climatério ou na menopausa como o objetivo de melhoras dos sintomas mais comuns que acompanham a menopausa e que atrapalham a qualidade de vida as mulher.
Com a chegada do climatério, o corpo da mulher passa a produzir bem menos hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona. As alterações típicas dessa fase são resultado desse declínio hormonal. Nem todas as mulheres precisam se preocupar em os repor, mas aquelas que têm sintomas moderados a intensos podem se beneficiar da terapia hormonal.
Existem muitas formas de fazer a reposição hormonal. Alguns métodos combinam os hormônios estrogênio e progesterona, enquanto outros usam somente estrogênio. A reposição pode ser feita de diferentes maneiras, incluindo comprimido, gel, adesivos aplicados à pele e implantes subcutâneos.
Os hormônios usados, a dosagem, a forma de administração e o tempo de uso serão determinados pelo médico após avaliação criteriosa e levando em conta suas necessidades individuais. Você deverá ser reavaliada periodicamente para ajuste da dose. Por conta dos riscos associados, o tratamento deve ser feito pelo menor tempo e dose possível.
Tema que ainda divide opiniões e enfrenta certa resistência entre as mulheres, a reposição hormonal durante a menopausa pode melhorar uma série de sintomas desagradáveis que surgem nessa fase da vida.
Quais são os principais benefícios da terapia de reposição hormonal?
No alívio dos sintomas da menopausa a terapia hormonal é efetiva em reduzir a frequência e a intensidade do fogacho, as ondas de calor que surgem entre 60% a 80% das mulheres no período da menopausa. Este sintoma pode prejudicar a qualidade de vida e a rotina diária. O tratamento também melhora outros incômodos comuns dessa fase, incluindo suores noturnos.
Melhora da vida sexual: a terapia hormonal ajuda a melhorar a libido, isto é, o desejo sexual, além de possibilitar uma melhora na satisfação sexual da mulher através do alivio de sintomas desagradáveis, como ressecamento vaginal e dor durante o sexo. Esses sintomas atingem cerca de 45% das mulheres na menopausa.
Prevenção da osteoporose: a terapia hormonal previne a perda óssea e reduz as chances de fraturas por osteoporose na pós-menopausa. Ela pode ser indicada para a prevenção deste problema para mulheres com menos de 60 anos. Para saber se a terapia hormonal é uma opção de tratamento adequada para você, converse com seu médico.
A terapia endócrina pode ser realizada por praticamente todas as mulheres, exceto as mulheres que tiveram câncer de mama ou endométrio, as que tem história de trombose ou tendência a trombose. O tabagismo é uma contraindicação relativa uma vez quer aumenta o risco de trombose.
A reposição hormonal e o câncer de mama
A terapia de reposição hormonal aumenta o risco de câncer de mama, alguns estudos mostraram que não são todos os tipos reposição hormonal que promovem esse aumento. A reposição hormonal com progesterona sintética que mostrou um aumento significante nos casos de câncer de mama. A utilização de estrogênios associados a progesterona natural não tem mostrado esse aumento. Mulheres com risco pessoal de câncer de mama, isto é, aqueles que realizaram biópsias com lesões que aumentam o risco ou tem uma história familiar importante não devem realizar reposição hormonal.
Quais são os efeitos colaterais
Os efeitos colaterais mais comuns da reposição hormonal são dor nas mamas (mastalgia), enjoo e cefaleia, ou seja, aproximadamente os mesmos de uma pílula anticoncepcional. Efeitos colaterais comuns da terapia hormonal combinada (associação de estrogênio em baixas doses + progesterona) são de intensidade leve e normalmente cessam após um período de adaptação. Sangramentos, chamados de “sangramentos de escape”, e náuseas podem ser contornados com aconselhamento médico e medicações sintomáticas.
Com relação ao aumento de peso, devemos lembrar que a mulher na menopausa apresenta maior tendência a aumento da massa gordurosa e probabilidade de aumentar de peso com ou sem uso de hormônios. A reposição hormonal realizada de forma adequada não aumenta essa tendência, podendo ate facilitar a manutenção do peso.
Existem alternativas para as mulheres que não podem ou não querem fazer o tratamento hormonal?
Podemos tratar individualmente cada um dos sintomas, como por exemplo. As ondas de calor podem ser tratadas com remédios para neuropatia diabética e antidepressivos, existem hidratantes vaginais para melhorar o ressecamento, medicações para segurar a perda óssea e medicamentos dermatológicos para queda de cabelo. São vários medicamentos que podem ser substituídos apenas por um, por isso, sempre que a pessoa pode, recomendamos o tratamento hormonal.
Pesquisas indicam que um estilo de vida saudável, com exercícios físicos regulares e alimentação balanceada, podem reduzir os sintomas do climatério, já que o período também é influenciado pelos níveis de estresse no organismo. Evitar o tabagismo também trará muitos benefícios, já que além de causar diversas doenças, o hábito pode antecipar a menopausa em um ou dois anos. O consumo de alimentos ricos em cálcio ajuda a reduzir os casos de osteoporose.
A terapia de reposição hormonal deve ser indicada individualmente, nos casos sintomáticos, logo nos primeiros anos do inicio dos sintomas, seja no climatério ou na menopausa, devidamente acompanhada pelo ginecologista.